Luís Ventura
“O Lameirense”. O próprio nome indica a proveniência do último moliceiro do Torrão do Lameiro, lugar de Ovar situado no extremo Norte da Ria de Aveiro. Era um barco pujante, campeão de regatas e decorado com painéis de proa originais, divertidos e vencedores de concursos. Hoje nada mais é do que uma memória, apesar de tudo viva no lugar que o viu nascer e mais tarde partir, já com o casco meio apodrecido.
Foi graças a um painel inspirado nas Festas da Ria que o “Lameirense” ganhou o primeiro lugar no concurso de painéis de moliceiros, em Aveiro, no ano de 2006. O barco, propriedade de Domingos Valente e José Gonçalves, tinha sido pintado especialmente para participar no concurso e na regata desse ano.
“Foi, muito provavelmente, o mais rápido moliceiro que um dia sulcou as águas da Ria de Aveiro”, garante António Valente, que andou nele vezes sem conta, com o pai e o irmão. “Quando o meu irmão o vendeu, há cerca de dez anos, há muito tempo que não havia apoios para quem tinha um moliceiro”, recorda com alguma tristeza. Assim, a família Valente despediu-se de “O Lameirense” e vendeu-o para Aveiro, onde passou a fazer passeios turísticos. “Já não havia água, não havia moliço, não adiantava ter um barco moliceiro parado na Ria com custos elevados de manutenção”.