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“Todos aprendemos” nestes tempos Covid em que pais são... professores


Sábado, 28 de Março de 2020

Uma lista de trabalhos, das várias disciplinas, ao início de cada semana, enviada para o email. Aulas online, todos os dias, em horário lectivo normal. Actividades diferentes, propostas todos os dias. As formas têm sido as mais diversas, mas não há como negar: terminaram ontem 15 dias que foram um desafio para todos: escolas, docentes, alunos... e, em particular, para pais que, quase sem perceberem, viram ser-
-lhes confiada a missão de serem professores dos filhos...
«É um mundo novo que a Covid veio instalar», desabafa Clara, mãe da Inês, de 8 anos, que, convidada a fazer um balanço destes 15 dias, os resume assim: «virámos professores, ao mesmo tempo que somos domésticos e animadores». E é mesmo assim. O isolamento trouxe a beleza de termos com os filhos o tempo que sempre desejámos ter, mas também deu a responsabilidade de os ensinar, mesmo que, como desabafa Clara, nos falte «a vocação».
«Nisto de ensinar em casa, aprendemos todos», garante, contando que em sua casa não houve lugar à teoria de que é preciso manter rotinas. «Obrigo-a a trabalhar todos os dias. É sempre depois de almoço e esta foi uma das poucas rotinas que exigi instalar», confessa.
Em casa de Patrícia, foi o colégio do mais velho, Mateus, do 7.º ano, que obrigou a manter rotinas. As aulas começam às 8h30 e os dias estão ocupados a cumprir «a carga lectiva de cada dia», com lições “ao sabor” da facilidade com que os professores lidam com as novas tecnologias. Tudo seria “perfeito” se em casa não estivessem mais dois filhos, um deles no 1.º ano, de uma escola pública, e, portanto, com uma forma completamente diferente de encarar este ensino à distância imposto pela pandemia. A mesma experiência - um filho no ensino público (no 6.º ano) e outro no privado (no 4.º ano) - tem Susana que, apesar de tudo, se sentiu «acompanhada» pelos professores, apesar de ter de haver «organização e rigor para que os estudos em casa não sejam descurados e as actividades sejam realizadas». Susana espera que, caso não haja aulas no 3.º período e os alunos mantenham as notas do 2.º, continue «o trabalho em casa», para que os alunos não sejam prejudicados em novas matérias.
Para Cristina estes 15 dias obrigaram a «recordar o que se aprendeu há mais de 30 anos», mas «de uma maneira muito diferente», o que fez da missão de acompanhar o filho Manuel, aluno do 3.º ano, «um desafio», em particular porque é impossível pedir a uma criança de 8 anos que tenha autonomia para realizar as tarefas diárias e porque, quando a escola se transfere para casa, «há dias em que a concentração não abunda». E, depois, há o filho mais novo com quem a mãe tem de partilhar atenção...
A mesma angústia viveu Andreia durante os últimos 15 dias. Com uma filha de cinco anos e outra, Ana, de 11, aluna do 5.º ano, sente que estas semanas a “obrigaram” a ser professora da mais velha, acompanhando-a no cumprimento das listas de tarefas enviadas por professores, sem ter a certeza se o fez «da melhor forma» ou se as matérias «ficaram consolidadas», apesar do apoio, possível, dos professores, com envio de correcções.
«Não é a mesma coisa. O que sinto é que nos transformaram em professores. Todos estamos a dar o melhor, mas estudar em casa não é a mesma coisa que estar na escola e não sabemos até que ponto isso compromete a aprendizagem deles», partilhou Andreia, mostrando-se «muito apreensiva» em relação ao que acontecerá depois das férias da Páscoa, em especial porque, ao contrário do que acontece com a sua filha, poderá haver alunos que não têm pais com condições para os acompanhar ou computadores e internet para contactarem com professores e poderem cumprir as tarefas. «Co­mo será?.

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