“Felizmente Há Luar!”, de Sttau Monteiro, uma das grandes obras teatrais do século XX, é apresentado em espetáculo de ópera na sexta-feira, no Convento São Francisco, em Coimbra.
A peça de teatro escrita em 1961 tentou ser uma voz contra a ditadura salazarista, ao retratar a resistência contra o regime imposto durante o Estado Novo. A história é inspirada na alegada conspiração de 1817, em que Gomes Freire de Andrade teria liderado um movimento contra a dominação inglesa no século XIX e pela qual foi condenado à morte, sendo uma alegoria à ditadura e à pessoa do general Humberto Delgado.
«O “Felizmente Há Luar!” tem uma relação profunda com a Revolução e com a história do nosso país», começou por dizer Osvaldo Ferreira, maestro da Orquestra Filarmónica Portuguesa, em conversa com o Diário de Coimbra, a poucos dias da atuação.
Foi de Osvaldo Ferreira que partiu a ideia de criar uma ópera para celebração dos 50 anos do 25 de Abril e desafiou Alexandre Delgado para compor e “desenhar” o espetáculo.
Do teatro para ópera, Alexandre Delgado escreveu a primeira adaptação de “Felizmente Há Luar!” para um espetáculo cantado. Para além da composição das músicas e da adaptação de algumas das canções mais populares da Revolução, ainda fez um libreto.
O espetáculo de ópera estreou-se em maio, no Teatro Municipal da Guarda, e desde então tem percorrido várias salas de espetáculos pelo país. «Tem sido um verdadeiro sucesso», garantiu o maestro.
