Um estudo internacional em que participam Alexandra Rodríguez, Helena Castro e Jorge Durán, investigadores do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), mostra que as plantas em zonas secas adotam muitas estratégias de adaptação diferentes e que, surpreendentemente, essa diversidade aumenta com os níveis de aridez.
O estudo, acabado de publicar na prestigiada Nature, envolveu 120 cientistas de 27 países e pretendeu entender como as plantas encontradas em terras áridas se adaptaram a esses habitats extremos. Para tal, durante oito anos, os cientistas recolheram amostras de várias centenas de parcelas de terras áridas selecionadas em seis continentes.
«O isolamento dessas plantas em zonas mais áridas parece ter reduzido a competição entre as espécies, permitindo que elas expressem uma diversidade de formas e funções que é globalmente única, exibindo o dobro da diversidade encontrada em zonas mais temperadas», avançou, citada no comunicado da UC Helena Castro. Já Alexandra Rodriguez considera que o estudo «lança uma nova luz sobre a nossa compreensão da arquitetura vegetal, adaptação vegetal a habitats extremos, colonização histórica de plantas em ambientes terrestres e a capacidade das plantas de responder às mudanças globais atuais».
Os cientistas recolheram e processaram amostras de 301 espécies de plantas encontradas em 326 parcelas representativas de todos os continentes para caracterizar a diversidade funcional das zonas, gerando um total de 1347 conjuntos completos de observações de características para análise.
«Pensava-se que a aridez reduzia a diversidade de plantas por meio de seleção, deixando apenas as espécies capazes de tolerar extrema escassez de água e stress por calor. No entanto, os especialistas descobriram que nas zonas mais secas do planeta as plantas exibem uma ampla gama de estratégias de adaptação», avança a nota da UC.