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Antigos estudantes perpetuam cursos no Penedo da Saudade


Domingo, 26 de Maio de 2024

Por altura da Queima das Fitas tornou-se natural a colocação de placas no Penedo da Saudade por quem assinala “datas redondas” de fim de curso na Universidade de Coimbra. É a saudade, claro, mas também o convívio e o sentir de um espírito coimbrão que perdurou para lá da formação académica. Ficam três registos de ontem, dois de Engenharia Civil e um de Medicina, mas havia outros que não foi possível identificar.
Ângela Ribeiro e João Almeida organizaram a festa dos 30 anos do curso de Engenharia Civil concluído em 1994. Junto da placa, descerrada após atuação do grupo Inquietação [Secção de Fados da AAC], estavam 27 engenheiros mas havia mais no convívio, que se prolongaria pela noite, com jantar. Para o convívio desenharam um percurso por locais “épicos” dos tempos de estudantes, com passagem pelo Departamento de Engenharia Civil (polo I) e Jardim Botânico, ou Sé Velha e Quebra Costas. Ou seja, não só locais de estudo, que no tempo em que se formaram era mais à base do papel, das sebentas e dos apontamentos, em que se juntavam para tirar dúvidas ou emprestavam uns aos outros.
Na placa que ontem descerraram [com o patrocínio da empresa Macoimbra] pode ler-se que o curso de 1989-94 entende que “A saudade é uma tradição/A Coimbra por ela regresso/Amigos levo no coração/A ti, Penedo, me confesso”.
Praticamente à mesma hora, colegas mais velhos de Engenharia Civil descerravam também uma placa, especial e inovadora, comemorativa de 40 anos de curso. Entre os quase 50 colegas do curso de 1979-84, vindos de todo o país, Luís Serra e Silva, Luís Simões da Silva e Rui Velhinho foram dando algumas notas do que foi estudar em Coimbra há mais de 40 anos. As condições eram naturalmente muito diferentes, e a comunidade académica estava muito próxima, concentrada no polo I (à exceção de Economia). E as vistas eram boas para os lados de Medicina, Letras e Direito. Eram malandros? «Éramos, éramos, e fomos casando com algumas…».
A placa do curso de 1979-84 é uma inovação com recurso a novas tecnologias. Ou seja, “a praia” dos engenheiros, que criaram uma placa em aço, por impressão a 3D. Os dizeres foram retirados de um canção escrita por Luís Serra e Silva: “Ó Coimbra, da saudade/Os quarenta já lá vão…/De lembrança e lealdade/Gravada no coração”. No convívio esteve, por convite, “um infiltrado”, o médico José Manuel Silva, presidente da Câmara de Coimbra.
Também em festa estiveram os licenciados em Medicina que finalizaram o curso em 1994, que se juntaram à volta de placa que ali inauguraram há cinco anos. Eram uns 80, de todas as especialidades e também vindos de todo o país. De Medicina e de Medicina Dentária, porque o curso tinha então as duas vertentes nos primeiros anos. O convívio, explicou Gabriela Sousa, dura dois dias e se ontem ainda iam jantar e para a farra, amanhã [hoje], garantiu, «estaremos a abrir o cortejo, só deixaremos de 50 anos de curso ir à frente». Na placa que os une [curso médico de 1988-1994] garante-se: “Ó Penedo da Saudade/Espera, eu hei-de cá voltar/Vives em mim ó cidade/Coimbra só por te amar”.|

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