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50 anos depois... antigos alunos do Curso Jurídico de 1969-1974 voltam a partilhar memórias


Domingo, 19 de Maio de 2024

Antigos alunos do Curso Jurídico 1969/1974 vieram ontem de vários pontos do país até à “sua” Coimbra para assinalar uma data muito especial. Mais uma vez, foi o colega, Macedo dos Santos, que lançou o desafio para um novo convívio, como aconteceu, pela primeira vez, em 1980 e se repetiu - com a pandemia a ser a única a interromper - ao longo de 45 anos. Ele fez a chamada para a celebração dos 50 anos do curso e exatamente 123 fizeram questão de dizer presente, batendo um recorde de participação neste encontros que, agora, acontecem «ano sim, ano não» em Coimbra, mas estão a percorrer todas as terras onde há alunos do curso.
Ontem, foi, portanto dia de reencontro. Dos que entraram em 1969, mas também de outros que, tendo entrado no curso em 1968, acabaram por se juntar, uma vez que «a Crise Académica os impediu de fazer exame». Pedro Castro Pita, assim como Fernando Fraga, são dois exemplos disso mesmo. Ambos entraram no curso em 1968, mas juntaram-se à turma de 1969 sendo, portanto, participantes destes convívios que, como ambos garantem, é sempre “local” de partilha de memórias. Fernando Fraga confessa que não é muito assíduo, mas Pedro Castro Pita aceita, sempre que pode, o desafio de Macedo dos Santos.
Ontem tinha mesmo de ser. E o facto de estar a celebrar 50 anos do curso foi ainda razão para se deslocar até ao Páteo das Escolas, onde o convívio começou, nada mais, nada menos, do que no Fiat 125 de 1969, recuperado, que lhe foi oferecido pelo pai e que tinha quando terminou o curso. «Disse ao meu filho, amanhã levo o Fiat 125», conta. E levou mesmo. O carro e a medalha comemorativa, que guarda religiosamente, dos 50 anos de curso do bisavô um dos primeiros professores catedráticos em Direito Canónico da Universidade de Coimbra.
Em cada um dos mais de 120 antigos alunos que fizeram questão de se deslocar a Coimbra para celebrar os 50 anos do curso, haverá certamente memórias muito pessoais para contar. No entanto, o êxito deste evento é feito do reencontro que proporciona a tantos que, de Norte a Sul do país, não têm oportunidade de se ver com regularidade, mas principalmente das memórias coletivas, que fizeram da passagem pelo Curso e pela Universidade de Coimbra, tão especial.

Memórias do curso
reavivadas todos os anos
Ainda para mais se tivermos em conta que os 300 que compunham o curso atravessaram a crise e o luto académico e o 25 de Abril em plena época estudantil. Macedo dos Santos recorda o dia em que, perante a invasão de polícias - devidamenta munidos de bastões -ao Patéo das Escolas e à Faculdade de Direito, obrigaram os alunos a refugiarem-se dentro das salas. Pedro Castro Pita lembra-se, como se fosse hoje, da Assembleia Magna a seguir ao discurso de José Hermano Saraiva, então ministro da Educação, com Alberto Martins a falar no Patéo das Escolas para milhares de estudantes. Ele e muitos dos que ontem se voltaram a juntar para partilhar memórias e estórias estavam presentes e, dessa forma, fizeram também parte da história da Academia de Coimbra e do país.
Já Margarida Cardoso, que era uma das 10 mulheres num curso com 300 alunos... agradece a ideia de Macedo dos Santos para um convívio que serve, agora, para reavivar memórias de um curso que, tendo sido vivido em pleno Luto Académica, lhe pareceu na altura «um bocadinho amorfo». «Em boa hora, em 1980, quando foi reatada a Queima das Fitas, o meu colega lançou o desafio a alguns para irmos no Cortejo». comenta, não tendo dúvidas de que são estes reencontros anuais que fazem com sejam bem mais felizes as memórias do curso.|

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