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Mulher levou droga em folhas de papel para a prisão durante dois anos


Sábado, 13 de Abril de 2024

A Polícia Judiciária deteve uma mulher de 32 anos, pela prática de um crime de tráfico de estupefacientes agravado. Durante dois anos, introduziu droga no Estabelecimento Prisional de Coimbra, estupefaciente que o marido vendia aos seus colegas reclusos.
Em rigor, o tráfico de estupefacientes dentro dos estabelecimentos prisionais não é novidade, como não é o facto de a droga ser levada para o interior das prisões. O transporte tem múltiplas formas, mas a estratégia montada pelo casal, de origem colombiana, é efetivamente sui generis e imaginativo. De resto, inspirou os inspetores da Diretoria do Centro, que apelidaram a investigação de “operação papiro”.
Não foi este parente longínquo, mas sim o nosso quotidiano e normal papel, tão só folhas A4, brancas e limpas, que funcionaram como ferramenta para levar droga para o interior do Estabelecimento Prisional de Coimbra. Uma estratégia que funcionou, de acordo com fonte da Diretoria do Centro da PJ, responsável pela investigação, durante praticamente dois anos, tantos quanto o marido da suspeita tem na cadeia de Coimbra, em cumprimento de uma pena por crimes de roubo.
As inocentes folhas de papel eram companhia recorrente da zelosa esposa, que visitava regularmente o marido e lhe levava este curioso adereço, de justificação simples: o recluso gostava de escrever! Nada mais eloquente e eficaz. Todavia, as folhas de papel eram mais do que isso, uma vez que a suspeita as submetia a uma tratamento prévio, «impregnando-as com estupefacientes sintéticos da família os cannabinoides», explica fonte da PJ.
Com as folhas em seu poder, ao invés de usar a caneta, o marido, de 38 anos, cortava-as em pequenos pedaços, que vendia aos seus companheiros de prisão, para estes fumarem. Um negócio que se prolongou no tempo, com a mulher a reforçar o stock sempre que necessário, garantindo o florescimento da venda.
«Conseguiram obter ganhos avultados», refere a PJ, embora sem quantificar o valor.
Todavia, garante que a suspeita terá levado «bastantes folhas» para o interior da prisão e que cada folha dava origem a um número significativo de “quadradinhos”, que no universo prisional não seriam vendidos a menos de 10 ou 15 euros cada. Como “não há sol que sempre dure”, como diz o ditado popular, o imaginativo esquema montado pelo casal acabou por ser detetado pelo “olho clínico” das autoridades policiais, com os inspetores da PJ a procederem à detenção da mulher na passada quarta-feira.
Contrariamente ao marido – que além cumprir pena de prisão por crimes de roubo, tem antecedentes por tráfico de estupefacientes – a suspeita, residente em Coimbra, com comum emprego na área da hotelaria, não tem antecedentes criminais. Presente a primeiro interrogatório judicial, vai fazer aguardar julgamento em prisão preventiva

CCDR Funtos Europeus



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