A taxa de dificuldade na leitura acima dos 20% e o estigma que a sociedade ainda tem face às escolas profissionais foram o mote para uma conversa com Nuno Crato, ex-ministro da Educação e da Ciência de Portugal, que, na tarde de ontem, esteve na Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada, no âmbito da iniciativa “Aposta no Futuro”, levada a cabo pela escola na última semana. Intitulada “Ensino profissional no quadro do sistema educativo: Cidadania da proposta, para uma cidadania plena dos seus destinatários/ /protagonistas”, a conversa foi moderada pela jornalista Margarida Alvarinhas.
«De 2012 a 2015, a escolaridade obrigatória subiu do 9.º para o 12.ª ano, sendo que o ensino profissional tem quase 40% dos jovens e já esteve nos 43%, o que demonstra ser uma parte muito importante do ensino obrigatório. O ensino profissional proporciona certificação de escolaridade, dá qualificação profissional para procura de emprego e ainda permite que os alunos prossigam estudos», enalteceu Nuno Crato, explicando que «felizmente em Portugal o ensino profissional começa no 3.º ciclo», o que proporciona «uma educação idêntica para todos até ao 9.º ano».
O ex-ministro da Educação e da Ciência de Portugal referiu «ser normal que um jovem de 15 anos não saiba o que quer fazer e tenha incertezas sobre o futuro», admitindo, contudo, não se estar «a saber explicar aos jovens as opções que têm. Aos 15 anos deviam ter uma ideia clara das ofertas disponíveis e o que estas contêm», disse, dando como exemplo «os casos da Alemanha e Suíça, onde o ensino profissional é muito valorizado».
Uma valorização que algumas pessoas da plateia garantiram não existir e não ser reconhecida. «A sensação que dá é que há vergonha em assumir--se o ensino profissional», disse um dos intervenientes, corroborado por uma professora da EPVL que desvendou que há duas semanas apresentou os números do ensino profissional, «na tentativa de desconstruir a ideia que me deram de que estavam aqui porque era mais fácil concluírem os estudos do que no ensino regular».