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Entrevista João Caseiro: Deixamos a casa estruturada de uma forma que eu considero muito positiva


Sábado, 09 de Dezembro de 2023

João Caseiro despede-se segunda-feira do cargo de presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra que ocupou durante dois anos como presidente da Direção-Geral. Em entrevista ao Diário de Coimbra faz um “balanço muito positivo” no trabalho na ação social, no desporto universitário e na imagem externa da AAC

Diário de Coimbra Qual é o balanço que faz do trabalho realizado durante os dois mandatos?

João Caseiro Faço um balanço muito positivo dos meus mandatos, penso que foram dois anos muito positivos em que houve um trabalho de continuidade feito entre os três mandatos e que nos leva agora a uma nova etapa da Associação Académica de Coimbra (AAC), onde deixamos a casa estruturada de uma forma que eu considero muito positiva. Em primeiro lugar, porque procurámos sempre pautar a nossa ação pelo rigor, procurando ter sempre as contas certas. Mais do que procurar focar o nosso trabalho na parte interna, procurámos reivindicar como sempre, sendo esta uma das linhas da AAC muito vincada e que está sempre presente, e mais do isso posso dizer que tentámos concretizar algumas dessas reivindicações.


Dessas reivindicações quais são aquelas que destaca na ação social?


Começando pela ação social que, sem dúvida alguma, está inerente à nossa atuação política e, por isso, tentámos materializar a Associação Académica como um agente ativo. Neste campo sublinho a criação do Fundo Social António Luís Gomes que desde o momento em que anunciámos o fundo tivemos a intenção de vincular a DG na sua concretização. Angariámos verbas para o fundo, essencialmente através da realização do Dia do Antigo Estudante na Queima das Fitas, e desenvolvemos um regulamento para a atribuição das bolsas de estudo.

Neste momento, as candidaturas estão abertas e estamos em condições de assegurar a atribuição de 55 bolsas de estudo nesta 1.ª edição que garante o pagamento de uma propina anual. Esta é, sem dúvida, uma bandeira e uma concretização deste mandato, porque pautámos pela reivindicação, mas quisemos ir mais longe e concretizar. A verdade é que vivemos uma altura crítica em Portugal e quisemos ser um agente ativo e um complemento à ação social e até, por vezes, preencher uma lacuna que o Estado deixa através do atual regulamento de atribuição de bolsas no ensino superior. Nós identificámos algumas delas e este fundo vai ter um regulamento mais abrangente e com o apoio dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC) que vai analisar as candidaturas a bolsa vai ser atribuída a alunos em situações mais carenciadas.

Ainda na ação social, assinalo a questão da habitação, com a qual nos debatemos no mandato por ser um entrave à frequência do ensino superior. A Associação Académica tem feito um trabalho de reivindicar mais condições, mais regulação, mais oferta pública para os estudantes, mas também temos vindo a procurar solucionar apesar de não dispormos dos mecanismos e das condições para isso.

Destaco duas conquistas ao nível da habitação – uma tem a ver com um levantamento de necessidades e problemas feito junto dos delegados das residências universitárias que resultou no relatório “Porta a Porta” e um investimento de meio milhão de euros feito pela Reitoria nas residências universitárias. A par disto, saliento o trabalho feito junto das Repúblicas, nomeadamente, da Rapó-Táxo e com os Fantasmas para a possibilidade de aquisição do imóvel.

Por fim, conseguimos a reposição do prato social na Cantina Rosa no ano passado e a manutenção do valor de 2,40 euros do prato social, sendo que somos a única instituição de ensino superior que manteve este valor.


Em termos políticos conseguiram avançar com a discussão em volta da revisão do RJIES. Como é que vê atualmente essa questão?


Neste momento e face à situação atual do país preocupa-me o estado em que vai ficar a revisão do RJIES, tendo em conta que tínhamos uma comissão formada e, com a realização de novas eleições, não sabemos o estado em que ficará.

No ano passado quando a ministra do ensino superior anunciou que iria ser iniciado um processo de revisão do RJIES que seria amplamente discutido, a AAC disponibilizou-se de imediato para participar e apresentou um conjunto de propostas que já vinha de trás. Contudo, quando a comissão foi constituída percebemos que havia uma minoria de estudantes representados. Nesse momento, a AAC liderou o processo que culminou numa carta aberta enviada à ministra, em nome de todas as associações académicas do país, onde se contestou a subrepresentação dos estudantes na comissão e apesar disso continuamos a trabalhar e a reunir com eles. Na altura disse e mantenho até hoje: A grande bandeira da associação académica para o RJIES é uma maior representatividade dos estudantes nos órgãos de gestão das instituições de ensino superior. Como é que queremos um RJIES assim se começamos logo com uma comissão que não respeita essa premissa?

A DG deve continuar a trabalhar nas propostas no futuro, mas, infelizmente, aquilo que eu prevejo é que mesmo depois do processo estar terminado o RJIES vai continuar a ser uma reivindicação nossa, porque se continuar nesta linha condutora a AAC vai ter de continuar a lutar pela sua representação.


Ver versão completa da entrevista na edição em papel do Diário de Coimbra

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