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Cuidadores informais: “O descanso não chega, o Estado tem de intervir”


Quinta, 09 de Novembro de 2023


A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) organizou ontem o Encontro Nacional “Cuidadores Informais: Capacitar para cuidar de pessoas com demência”, onde o foco de discussão se debruçou na necessidade de refletir sobre o estatuto de cuidador informal, as condições em que prestam cuidado e o papel da enfermagem e do Estado no apoio ao doente e ao cuidador informal.
O envelhecimento demográfico a que se tem assistido nas sociedades contemporâneas é «sinal da evolução da medicina», mas também «acarreta mais responsabilidades ao Estado e ao Serviço Nacional de Saúde», referiu Rosa Reis Marques, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), na sessão de abertura, relembrando que os cuidadores informais são um «recurso inestimável» do SNS.
Contudo, o Estatuto de Cuidador Informal continua a ser insuficiente face às responsabilidades, dedicação e tratamento que um cuidador informal tem para com a pessoa que cuida, uma vez que não contempla, por exemplo, a possibilidade de tirar férias dos cuidados permanentes. «O cuidador deve ter o direito de descanso e para isso tem de existir uma resposta institucional que possa receber o doente durante esse período», afirmou Rosa Reis Marques. Sobre este tema, o presidente da ESEnfC, António Fernando Amaral, defendeu que «o direito ao descanso não chega, o Estado tem de intervir diretamente», porque os cuidadores apesar de terem o conhecimento, não têm os recursos de saúde necessários para cuidar, por exemplo de um doente que esteja acamado, salientou o enfermeiro.
Atualmente, não se sabem quantos são os cuidadores informais no país (aponta-se para cerca de 800 mil cuidadores). Contudo, o papel de «dedicação, amor e carinho pela pessoa cuidada» é garantido por estas pessoas que se colocam, muitas vezes, em segundo plano para cuidar, destacou Rosa Melo, enfermeira e coordenadora do projeto que deu nome ao Encontro Nacional.
Durante o dia de ontem, enfermeiros e cuidadores informais refletiram sobre a importância de formar, dar conhecimento e recursos às pessoas que cuidam do outro, substituindo, muitas vezes, o papel do Estado.

CCDR Funtos Europeus



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