Os alunos dos liceus de Coimbra – “bichos”, na terminologia da praxe académica – eram alvos frequentes das trupes que após o anoitecer percorriam a cidade em busca de “tresmalhados”, caloiros em especial mas também outros estudantes de “categoria inferior” na hierarquia praxística, que ao desrespeitarem o toque vespertino da cabra de recolher para o estudo, e sendo apanhados em zonas que não lhes eram permitidas, se sujeitavam a humilhantes cortes de cabelo e outros vexames. A 20 de novembro de 1934, os alunos dos liceus José Falcão e Júlio Henriques (ambos instalados no Colégio de S. Bento, na Alta da cidade) mobilizaram-se num protesto contra a praxe dos universitários, cujas práticas também os abrangiam. Após reunirem para deliberar, juntaram-se às 16h00 na Praça da República e seguiram «em manifestação para a Baixa, até à Rua Ferreira Borges, onde tiveram de dispersar por se terem dado vários conflitos com académicos, que obrigaram a polícia a intervir», relatou o Diário de Coimbra na edição do dia seguinte.