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Marcelo elogia Cavaco e Eanes como figuras cimeiras dos primeiros 25 anos da democracia portuguesa


Quinta, 01 de Junho de 2023

O Presidente da República elogiou hoje António Ramalho Eanes e Aníbal Cavaco Silva como “dois dos mais importantes protagonistas” dos primeiros 25 anos da democracia portuguesa, numa cerimónia em que os dois antigos de chefes de Estado estiveram presentes.

Na cerimónia de lançamento do livro “74/99”, da autoria do fotógrafo Rui Ochoa, que decorreu hoje na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “tinha prometido não discursar”, mas não resistia a dizer umas palavras devido à presença dos dois antigos chefes de Estado.

Com Ramalho Eanes e Cavaco Silva a ouvi-lo na primeira fila, Marcelo abordou o período histórico do livro de fotografia de Rui Ochoa - entre 1974 e 1999 -, para destacar que estavam presentes na sala “dois dos mais importantes [protagonistas] dessa história”.

“Eu não me perdoaria a mim mesmo não aproveitar esta oportunidade para, num livro sobre 25 anos de história, poder dizer duas palavras, estando dois grandes protagonistas desses 25 anos de história em fases diferentes e que se completaram. Não foram os únicos, mas foram cimeiros”, frisou.

Recordando depois, individualmente, o percurso dos dois chefes de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa destacou o papel de Ramalho Eanes no “tão rápido, mas ao mesmo tempo tão lento” processo de transição da revolução para a democracia plena.

“Todos nos lembramos do protagonista que foi em momentos cruciais, antes do 25 de novembro, no 25 de novembro, a seguir ao 25 de novembro, como Chefe do Estado-Maior do Exército, depois como primeiro presidente eleito, e na transição complexíssima para a democracia”, salientou.

O Presidente da República considerou que Ramalho Eanes “tem uma posição nuclear” nesse período por ter sido, em simultâneo, Presidente da República e Presidente do Conselho da Revolução e, assim, o único a reunir “a legitimidade democrática e a legitimidade revolucionária”.

“Era o único que tinha as duas, mais ninguém tinha essa legitimidade conjunta. O que muitas vezes chocava. E ao olharem para as fotografias daquele período primeiro, não é possível esquecer que, estando presente nas fotografias ou não estando, está sempre o presidente Eanes”, acrescentou.

Já no que se refere a Aníbal Cavaco Silva, Marcelo foi mais sintético na biografia, mas recuou ao tempo em que o antigo primeiro-ministro e Presidente da República era um “militante partidário de base” para recordar a sua “vantagem comparativa”.

“Era altíssimo, chegava onde ninguém chegava e, no colar cartazes acima dos cartazes dos outros, tinha uma utilidade única. Era dos poucos militantes que ia aos debates sindicais, não eram muitos os que aceitassem ir (…) em 1974, 1975”, lembrou.

No entanto, Marcelo ressalvou que, para efeitos do período histórico retratado no livro de Rui Ochoa, o que importa é o papel que Cavaco Silva desempenhou “quando, assumindo a liderança partidária e a presidência do Governo, corresponde à primeira encarnação europeia de Portugal, uma longa encarnação em termos governativos: uma década”.

“Há uma vivência por dentro, quer nas fotografias em que está, quer nas fotografias em que não está - mas está o país, está a sociedade, está a economia desse tempo - com o Presidente Cavaco Silva”, disse.

Marcelo reiterou assim que é uma “felicidade poder falar-se deste retrato na presença dos retratados”, uma vez que “normalmente fala-se quando eles já não estão presentes”.

“Aqui não: está a falar-se de história, que é feita, estando vivos os protagonistas dessa história e bem vivos, como temos visto”, salientou Marcelo, numa alusão às recentes intervenções de Cavaco Silva sobre a situação política, que provocou risos na sala.

Durante a cerimónia, antes do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, os três chefes de Estado estiveram sentados, juntos, na primeira fila, não tendo prestado qualquer declaração à comunicação social.

Nesta cerimónia estiveram também presentes o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Rui Ochoa, fotógrafo oficial de Belém durante as presidências de Cavaco Silva e, atualmente, de Marcelo Rebelo de Sousa, lançou hoje o livro “74/99” que reúne cerca de 250 fotografias tiradas entre 1974 e 1999, e em que figuram retratos de protagonistas da vida política portuguesa, como o ex-presidente Mário Soares ou o antigo secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, assim como Ramalho Eanes e Cavaco Silva.

Tasca do Ronaldão



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