
Juiz criticou como a investigação foi feita no caso dos quatro condenados por tráfico de droga
A leitura do acórdão, mesmo numa versão reduzida, prolongou-se por mais de hora e meia, ontem no Tribunal de Coimbra, numa sala de audiência onde estavam ainda vários amigos e familiares dos arguidos, alguns sem conseguirem evitar as lágrimas quando ouviram as penas aplicadas aos arguidos.
O número de réus e de testemunhas fez deste um caso de grande complexidade. O juiz presidente do Tribunal Coletivo de Coimbra admitiu mesmo que foi o «acórdão mais difícil» que teve de preparar.
Uma complexidade que o mesmo juiz considerou desnecessária uma vez que, no seu entender, os dois núcleos de traficantes (um em Soure e o outro em Coimbra) atuavam separadamente pelo que deveriam ser julgados em separado, o que teria simplificado, e acelerado, os processos.
As críticas do juiz não se ficaram por aqui. No seu entender, a investigação não foi bem conduzida uma vez que a maioria dos factos que se pretendiam provar tinham como base probatórias apenas as escutas, o que no seu entender não é manifestamente suficiente.
Faltaram testemunhos para suportar o que se pretendia provar. Em muitos casos, referia, a acusação era vaga, referindo que determinado arguido «vendeu a individuo de identidade não apurada, produto estupefaciente, de quantidade e por preço não apurados». As alegadas vendas - e estaremos a falar de centenas delas - não estavam devidamente suportadas e isso levou mesmo a algumas absolvições ou à desqualificação de alguns crimes.
O Ministério Público defendia ainda condenações pela prática do crime de tráfico agravado, mas o Tribunal Coletivo entendeu que o agravamento não se comprovou.