Atratividade e a possível criação da Faculdade de Arquitetura em debate
As eleições para os representantes no Conselho Geral acontecem na próxima terça-feira, dia 10 de dezembro. Os cinco candidatos das listas dos docentes na corrida participaram num debate que pretendeu esclarecer a comunidade académica quanto às propostas e medidas que pretendem defender caso sejam eleitos. Alexandre Soveral Martins encabeça a Lista A, Carlos Henggeler representa a Lista E, Cláudia Cavadas candidata-se pela Lista I, João Paulo Rodrigues é cabeça de lista da Lista M e Jorge Salvador encabeça a Lista X.
Em debate estiveram questões como a atratividade da Universidade, a precariedade dos estudantes, mas também o modo de funcionamento do Conselho Geral que, de entre muitas funções, tem a responsabilidade de eleição do reitor da Universidade de Coimbra. Neste último ponto, Jorge Salvador, membro do Conselho Geral há cerca de três anos, assume que o órgão pode ser «demasiado pesado para decisões do dia a dia, porque tem 35 elementos, mas para eleger o reitor talvez seja um órgão demasiado restritivo». Como solução, alguns candidatos, como Alexandre Soveral e João Paulo Rodrigues, defenderam a constituição de um assembleia «mais representativa» que pudesse eleger o reitor.
A atratividade da UC foi um dos temas sobre o qual todos os candidatos se debruçaram e para Cláudia Cavadas não há dúvidas que é «através da investigação que é possível atrair estudantes e docentes» para a universidade. Apesar de afirmar que o CG «não tem competências neste tema», Alexandre Soveral realçou que a universidade deve apostar na «divulgação do muito de bom que se faz aqui». Por sua vez, Carlos Henggeler descreveu alguns «fatores endógenos», como a baixa densidade populacional, como causadores dessa dificuldade em atrair estudantes, docentes e investigadores. Posição partilhada em parte pelo candidato Jorge Salvador, que assume que a atratividade dos docentes pode estar em causa com o «aumento da competitividade». O candidato da Lista M, João Paulo Rodrigues, propôs uma redução da propina para os estudantes internacionais de forma a atrair estes estudantes, nomeadamente de países lusófonos.
A discussão quanto à possibilidade de criação de uma Faculdade de Arquitetura na Universidade de Coimbra foi trazida já no final do debate através de uma questão do público que assistia e levantou algumas discordâncias entre os candidatos. Em causa está um documento entregue na última reunião do Conselho Geral pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, segundo explicou Carlos Henggeler, membro do Conselho Geral, que propôs a discussão por este órgão.
João Paulo Rodrigues, que encabeça a Lista M, defendeu que a criação de uma nova faculdade dedicada ao ensino da arquitetura «deve incluir as artes e o design» e é «importante e urgente» avançar com a decisão. Já Alexandre Soveral ressalvou que a «componente das artes deve ser discutida» de forma a não se sobrepor com o ensino levado a cabo pela Faculdade de Letras nesta matéria, mas concorda com a criação de uma unidade orgânica dedicada à arquitetura. Jorge Salvador demonstrou ter a mesma preocupação quanto a um «possível conflito de interesses com a Faculdade de Letras».
Carlos Henggeler, como membro do ainda Conselho Geral, assume que não se sente confortável em decidir a criação ou não desta unidade orgânica. «Não me sinto confortável em decidir uma proposta de um documento que não é uma proposta e que está no último ponto da última reunião deste Conselho Geral», afirmou.
Cláudia Cavadas defende que se existir um plano estruturado para uma nova faculdade «deve ser apoiado», salientou.
Para além deste tema, a possível fusão entre as duas grandes instituições de ensino superior de Coimbra foi questionada por um elemento da plateia e apesar de nenhuma candidato ter uma posição delineada no programa eleitoral cada um dos candidatos partilhou o seu ponto de vista. Se por um lado o candidato Jorge Salvador assume que o «caminho está a ser trilhado nesse sentido» com a integração da Escola Superior de Enfermagem, João Paulo Rodrigues demonstrou estar «absolutamente contra a fusão», ao realçar que o ensino do Politécnico se distingue da universidade. Opinião partilhada por Alexandre Soveral, que também defendeu um sistema dual de ensino. Carlos Henggeler, por sua vez, defende igualmente um sistema dual, mas também adiantou que o futuro poderá passar pela junção das duas instituições.
Cláudia Cavadas afirma que a fusão das instituições não deve acontecer «apenas para ganhar dimensão do número de estudantes» e a decisão deve ser bastante discutida.
O debate na integra pode ser visualizado no canal de YouTube da Universidade de Coimbra.