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Santiago, coração de Leão, já treina para andar mais autonomamente

A paralisia cerebral é causa das limitações motoras de Santiago que, agora com sete anos, já pede maior autonomia. Levou para Alverca, onde reside, um andarilho que lhe ofereceram

Envergonhado e pouco expansivo na conversa, Santiago não poupou nos sorrisos ao experimentar o seu novo andarilho. E ainda mais lhe brilharam os olhos quando recebeu uma mochila personalizada do seu Sporting. Com paralisia cerebral espástica bilateral, o menino de sete anos, filho de José Torres e de Ana Isabel Grilo, «começa a ficar pesado para andar ao colo», precisava já de outra autonomia «para andar pela casa ou na escola», mas as ajudas técnicas, solicitadas junto da Segurança Social «há quase ano e meio», tardavam em chegar. António Lopes, que tem um Centro Osteopata em nome próprio na Pedrulha, pôs-se em campo para ajudar a família residente em Alverca, até porque é ainda primo afastado do “leãozinho”.

«O Santiago é um menino muito especial. Ajudo tanta gente e com eles não podia ser diferente», contou-nos o osteopata, que vai acompanhando, sobretudo através dos avós, a luta do menino. «Um aparelho destes ainda custa umas centenas de euros, não é fácil de suportar para a família», admitiu.

Com a sua camisola da sorte vestida, ontem de manhã o Santiago lá estava no Centro Osteopata para buscar o seu presente especial. Adaptado às suas necessidades, com cinto para incorporar, assento para quando estiver cansado e ajustável à medida que cresça, o andarilho promete ser uma grande ajuda.

O Santiago foi operado em junho aos tendões de Aquiles, o que lhe trouxe melhorias, e faz tratamentos de fisioterapia para potenciar o máximo das capacidades motoras, mas não consegue andar sem apoios, partilha a mãe Ana Isabel, natural de Coimbra. «Como sabia que ia ser operado este ano, em junho, pedi já no ano passado apoio à Segurança Social para andarilho e também para novas talas [que potenciariam o resultado da cirurgia feita], mas a resposta que me continuam a dar é que “não há verba”», explica ao nosso jornal.

A família tem uma cadeira de rodas emprestada pela Santa Casa da Misericórdia de Alverca, mas «o andarilho significa mais liberdade e autonomia», destaca.

Santiago, que frequenta o 2.º ano e já sabe ler e escrever, poderá certamente explorar a escola de outra maneira. Terá de aprender a fintar algumas dificuldades, mas o primeiro treino de ontem revelou já resultados promissores. António Lopes assistiu emocionado. «Não foi fácil fazer o andarilho adaptado. Contei com a ajuda de um amigo de infância, o Carlos Soares, da Ortopedia Patrão, fomos falando e articulando com as indicações que o médico tinha dado até conseguir», revelou, dando conta da minúcia que foi necessário imprimir.

«Está feito para poder ser usado até à idade adulta. Mas o que todos desejamos é que, com a evolução da medicina e de outras intervenções, e ganhado maior porte físico com a idade, o Santiago possa, cada vez mais, andar pelas próprias pernas», disse António Lopes.

Novembro 3, 2024 . 11:00

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