Liga Contra o Cancro pede ajuda para ajudar
A sociedade portuguesa enfrenta dificuldades económicas e dificuldades sociais que fazem crescer os pedidos de ajuda que chegam à Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). Esta quinta-feira, e até domingo, arranca mais um peditório nacional, principal fonte de financiamento da instituição, e o apelo à solidariedade da população renova-se.
«A doença oncológica, como também tantas outras, é um momento em que existem dificuldades emocionais, sociais e financeiras. A LPCC, ao receber a solidariedade financeira da população, fica com condições financeiras para tentar responder a essas situações, durante o tempo em que é necessário, até ao momento em que o doente retoma o seu lugar capaz na sociedade», refere ao Diário de Coimbra o presidente da Direção Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Rodrigues.
1,5 milhões de euros em apoios disponibilizados no ano passado
Dados da LPCC indicam que, em 2023, a instituição disponibilizou a nível nacional mais de 1,5 milhões de euros para compra de medicamentos, próteses, transporte para consultas e tratamentos, e alimentação dos doentes mais carenciados, num total de 17.864 doentes.
«A LPCC tem notado um aumento dos pedidos de apoio, seja porque há maior conhecimento destes por parte dos doentes, seja porque a doença exige maiores recursos, seja porque muitas pessoas lidam com dificuldades sobretudo nestes momentos. A LPCC continua atenta a estas realidades e reafirma o seu propósito a tentar responder a estas situações, assim as conheça e lhe sejam referenciadas», declara o responsável da Liga na região Centro.
O peditório deste ano vai contar com a ajuda de cerca de 20 mil voluntários que vão estar devidamente identificados a pedir junto de cemitérios, de igrejas, grandes superfícies, e também nas principais ruas e avenidas das cidades do país. No peditório realizado no final de 2023, a LPPC angariou 1.633.944 euros, mais 3% relativamente ao ano anterior.
"Alguém quer ficar com um bocadinho do meu cancro?"
Com música cedida pelo músico Jorge Palma, a campanha deste ano do Peditório Nacional é protagonizada por pessoas reais que sofrem de cancro e desafiam Portugal a partilhar o seu “peso”.
Com o mote “alguém pode ficar com um bocadinho do meu cancro?”, o filme da produtora “The End”, com a execução criativa da Lola Normajean, a campanha pretende sublinhar a importância da partilha para reduzir o impacto da doença, porque “um cancro é uma coisa muito pesada para uma pessoa só”.
Portugal mantém uma alta incidência de cancro, com mais de 69.000 novos diagnósticos registados em 2022, segundo o Global Cancer Observatory da Organização Mundial de Saúde. O cancro permanece como uma das principais causas de morbilidade, incapacidade e mortalidade no país, afetando as várias dimensões da vida dos doentes, famílias e sociedade.