Utentes da ACAPO testaram acessibilidade do metrobus
No Dia Mundial da Bengala Branca, alguns utentes da ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal) de Coimbra conheceram ao pormenor o novo veículo do Sistema de Mobilidade do Mondego que em breve vai começar a circular.
Muitos deles já estão habituados aos autocarros e aos circuitos dos SMTUC ou da Transdev e, por isso, as dúvidas pairavam sobre as acessibilidades para as pessoas que não veem, aos perigos e às paragens novas do metrobus. Para quem não vê os desafios de um novo desenho de uma linha de transportes e da própria cidade pode ser um grande desafio e, por isso, a Metro Mondego quis ajudar os utentes da ACAPO a conhecer de que modo o metrobus também foi pensado para eles.
Cerca de 30 utentes da ACAPO entraram pela primeira vez no metrobus para "testar" a sua inclusividade
Desde logo, com a uniformização das estações e dos veículos. «Há duas ou três características muito importantes e que ao longo do tempo com o trabalho da ACAPO foi possível entender a sua importância para as pessoas cegas: uma delas é a uniformização das estações e dos veículos, ou seja, neste Sistema de Mobilidade as estações têm todas a mesma estrutura, assim como os veículos», explicou Teresa Jorge, vogal executiva do Metro Mondego.
Para as pessoas cegas é mais fácil moverem-se de souberem, por exemplo, que devem entrar pelas portas do meio e que se podem sentar nos lugares em frente ou do lado direito, que as portas deslizam para o lado de fora e que há sinais sonoros que os avisam quanto às paragens.
Enquanto uma mão agarrava na bengala, a outra percorria todos os bancos, relevos e pormenores que, muitas vezes, passam despercebidos a quem vê, mas que para as pessoas cegas são verdadeiros guias, José Caseiro, presidente da ACAPO Coimbra, explorou de uma ponta à outra o veículo.
«Parece ser bastante acessível, mas claro que só com a utilização diária é que vamos saber se tudo funciona», sublinhou, ao nosso Jornal.
«Parece ser bastante acessível, mas claro que só com a utilização diária é que vamos saber se tudo funciona»
Sentada no lugar destinado a pessoas cegas, Isabel foi “vendo” com as mãos todos os detalhes e não lhe escapou o botão do STOP. «Aqui diz STOP em braille», disse de imediato Isabel.
Para além destes pequenos detalhes, as Estações estão equipadas com uma faixa de piso tátil que alerta as pessoas cegas que estão próximas do limite da paragem, as máquinas de venda automática terão uma interface de áudio e os locais de espera terão também um piso tátil para garantir a segurança dos utilizadores.
Tanto para as pessoas cegas como para as pessoas com mobilidade reduzida, o acesso ao veículo será facilitado, uma vez que não haverá desnível ou falha entre o veículo e o local de embarque e desembarque, diminuindo o risco de quedas.
Paragens vão estar preparadas com piso tátil para alertar as pessoas cegas da fronteira entre a paragem e o canal onde circulará o metrobus
«O desenho da cidade está a mudar e sabemos que as pessoas que não veem têm de se adaptar e aprender os novos traços. Por isso é que é tão importante ter todas as entidades a trabalhar connosco», sublinhou Ana Bastos, vereadora da Câmara Municipal de Coimbra que acompanhou a viagem até Sobral de Ceira.
Para ajudar na adaptação a um novo meio de transporte, a Metro Mondego disponibilizou uma réplica - quase perfeita - em ponto pequeno do metrobus para que os utentes possam ir "estudando" o veículo com os seus "olhos" - as mãos.
Foi com as mãos que os utentes da ACAPO presentes na cerimónia foram "vendo" e, curiosos, foram perguntando pormenores do veículo. «As portas abrem para que lado?», «Podemos sentar-nos em qualquer lugar?», «Temos que carregar no STOP para parar?». Uma a uma das questões foram sendo respondidas e com a viagem, desta vez, no veículo real os utentes mostravam satisfeitos com a facilidade com que se podiam mover e orientar na paragem e no veículo.