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“Todos devem usar máscara”


Terça, 07 de Abril de 2020

«Todos devem usar máscara». Carlos Cortes, presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, defende que esta é uma medida fundamental, para «nos protegermos a nós e protegermos os outros». As razões são muitas, a começar pelo facto de ainda existir «um grande desconhecimento relativamente às características muito específicas desta doença», altamente contagiosa. «Muita gente pode estar infectada, pode ser portadora», afirma o médico, especialista em Patologia Clínica, alertando para o facto de existirem pessoas infectadas com uma «sintomatologia muito leve», ou mesmo casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus sem que apresentem os sintomas considerados de alerta.
Se esta é uma realidade, também é real que o simples facto de falarmos implica a saída de gotículas da nossa boca, que tanto podem atingir outras pessoas, como ficar em superfícies onde outros podem tocar e, caso exista um registo positivo, dar origem a mais uma situação de contaminação.
«Podemos espirrar sem estarmos doentes, devido a uma alergia ou a uma corrente de ar. Podemos tossir porque nos engasgámos», sublinha o responsável regional da Ordem dos Médicos, destacando o quão fácil e natural é que as gotículas da nossa saliva se espalhem, razão pela qual entende que as máscaras são protecção fundamental. «Mas têm de ser todos a usar máscara», sublinha, recordando que é um defensor desta “ferramenta” de protecção inclusive quando se trata de um simples gripe.
Carlos Cortes faz notar, de resto, o duplo efeito protector da máscara, porque, além de evitar a libertação de gotículas, também «nos impede de levar a mão à boca», uma das medidas fundamentais de protecção contra o coronavírus.
«Há uma espécie de aversão» ao uso de máscaras, reconhece Carlos Cortes, que confessa não perceber o porquê deste sentimento. «Talvez seja uma questão cultural», adianta, mas isso não impede, defende, que «toda a gente a use, particularmente quando está exposta, com outras pessoas». «Num ambiente mais confinado, use máscara», aconselha. E exemplifica com uma ida à farmácia ou ao supermercado, onde «devemos mesmo usar máscara, para nos protegermos a nós e protegermos as outras pessoas», considera. «Temos de estar mentalizados que todos somos potenciais portadores do SARS.coV-2», afirma o médico e, por isso, a resposta mais linear, em termos de protecção é, «obviamente, o uso de máscara».

Alternativas e mudança de hábitos
A escassez ou mesmo inexistência, actualmente, de más­caras de protecção no mercado será, no entender do responsável, um dos motivos que tem vindo a “inibir” a recomendação do seu uso por parte das entidades responsáveis. Todavia, os lenços de papel ou o papel higiénico podem funcionar como alternativas. Já relativamente ao uso do cachecol, Carlos Cortes tem algumas dúvidas, do ponto de vista técnico, sobre a sua eficácia, particularmente «quan­do espirramos».
Para Carlos Cortes os alegados “incómodos” da máscara mais não são que «uma questão de hábito» ou uma questão «cultural», facilmente ultrapassável. Mas também alerta para a necessidade de sermos regrados na sua utilização e «pouparmos o pouco que temos». Por isso, «podemos andar todo o dia com a mesma máscara». «Não podemos é emprestá-la a terceiros», pois trata-se, enfatiza, de uma “ferramenta” de uso absolutamente pessoal. As máscaras laváveis, que existem actualmente no mercado são, também, uma boa alternativa, com a vantagem de serem reutilizáveis.
Todavia, o responsável da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos não tem dúvidas de que há um conjunto de medidas e comportamentos que são fundamentais para combater a pandemia. Desde logo o isolamento social. «As pessoas não têm de sair à rua», afirma, reconhecendo que, como habitantes do Sul que somos, «gostamos muito de sair à rua, mas neste momento não o devemos fazer», pois isso representa «colocarmo-nos em ricos e colocarmos os outros em risco».
Alerta, ainda, para os cuidados a ter, sempre que tossimos ou espirramos, criando «uma barreira de protecção, com o cotovelo, com lenços de papel ou papel higiénico».
Carlos Cortes aconselha, ainda, todas as pessoas «a andarem sempre com uma solução alcoólica», de forma a garantirem a desinfecção pessoal, particularmente das mãos e também de superfícies onde tenham necessariamente de tocar. Um produto que também está a escassear no mercado ou a atingir preços proibitivos. Assumindo não ser especialista nesta área, o médico sugere, como alternativa à soluções alcoólica («que destrói o vírus»), um «detergente normal ou sabão líquido», que «impede a fixação do vírus».

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