A Joana Espadinha está a comemorar uma década de carreira. Que balanço faz destes 10 anos de cantautora e de música?
É um balanço muito positivo. Tenho tido o privilégio de trabalhar com músicos e profissionais incríveis, mais importante que isso, grandes amigos, partilhando os palcos, as gravações em estúdio, e os discos. Paralelamente, integrei vários projectos que me apaixonam, como os Cassete Pirata e o ensino, e pude compor para vários intérpretes que admiro. Nem tudo foram rosas, mas tenho aprendido também com os erros e estou numa fase em que me sinto muito orgulhosa do caminho feito.
Comemora estes 10 anos e lança o seu quarto album "Vergonha na Cara". Porquê "Vergonha na cara"?
“Vergonha na Cara” é o nome de uma das canções que integra o disco, uma canção sobre libertação, sobre assumir quem se é, ou quem se quer ser, sem vergonhas. Achei que, sendo este disco um trabalho tão honesto, autobiográfico, e que tão bem me representa como artista, lhe encaixava muito bem este título.
Como nasceu este álbum? Que tipo de sonoridade e de mensagem poderá o público encontrar neste trabalho?
Comecei por trabalhar com o incrível Ben Monteiro na canção “Será o que Será”, e o Ben ajudou-me muito a soltar a voz e a confiar nas minhas capacidades. Depois, à medida que fui escrevendo, algumas canções foram sendo testadas ao vivo, com a minha banda e o António Vasconcelos Dias (Tony) na direcção musical. Gostei tanto de trabalhar com ele que lhe propus fazer a produção do resto do álbum. Temos muitas referências em comum, ouvimos muita música, e dedicámo-nos então a procurar a sonoridade adequada para o disco, que acabou por ser um misto de pop, folk e até de rock.As canções reflectem sobre vários assuntos, desde a nostalgia da adolescência, a procura de verdade no meio plástico das redes sociais, os encontros e desencontros nas relações modernas, a condição feminina… Diria que a mensagem principal é da importância da autenticidade, independentemente do que os outros possam pensar de nós e das nossas escolhas.
Que evolução tem este novo álbum em relação aos anteriores trabalhos já lançados?
Este álbum faz a ponte entre as canções mais Pop, mais soalheiras, que têm marcado estes últimos discos, e um regresso a uma certa instrospecção, até melancolia, que tinha no meu primeiro disco e que também faz parte de mim. Isso também se reflectiu na estética das canções, tenho mais baladas, alguns arranjos são mais despidos e dão mais espaço à voz, contrastando com as canções mais enérgicas como a “Vergonha na Cara”, a canção título. Por outro lado, sinto-me mais segura das minhas escolhas, e procurei também divertir-me mais no processo. O Tony deu também um importante contributo, com o seu talento, o seu bom gosto e uma dedicação fora de série.
Iniciou dia 9 a apresentação deste trabalho com um concerto em Lisboa. Para depois o fazer noutros palcos como o salão Brazil em Coimbra. Quais são as expectativas? Com que pode contar o público?
Vamos tocar este álbum na íntegra, e estamos muito entusiasmados para perceber como soam as canções ao vivo, mas também vamos viajar por repertório mais antigo e pelas canções que o público conhece melhor. Música para sentir, e música para dançar.
Qual a importância de trazer "Vergonha na Cara" a Coimbra? O que significa para si atuar em Coimbra?
Coimbra é uma cidade muito importante para mim, porque é a cidade do Pir, que além de ser o meu guitarrista é também o meu companheiro de vida e uma pessoa que foi determinante para a artista que sou hoje. Já cantei muitas vezes no Salão Brazil, é uma casa que eu adoro e onde me sinto muito bem. Não podia deixar de trazer cá o “Vergonha na Cara”, porque é um disco que faz a viagem da minha carreira e da minha história musical, e Coimbra faz parte dela.
Que mensagem deixaria ao público de Coimbra em relação ao concerto de sexta-feira e a este novo álbum?
Ainda estão bem a tempo de vir ao concerto, venham fazer a festa connosco, sem um pingo de vergonha na cara!
