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Cancro da pele está a aumentar dois a três por cento por ano


Texto: Andrea Trindade Foto: Ferreira Santos Quarta, 08 de Maio de 2024

IPO Coimbra está a assinalar o Dia do Euromelanoma, com uma ação de sensibilização e deteção precoce daquele que é o cancro de pele mais letal. Durante a manhã de hoje, o Serviço de Dermatologia avaliou cerca de 60 utentes com potencial de risco, nomeadamente pela exposição solar a que estão sujeitos no seu dia-a-dia. O que devem fazer para se proteger dos malefícios do sol e a que sinais devem estar atentos na sua pele foram ensinamentos recebidos.
«O cancro da pele está a aumentar em Portugal dois a três por cento ao ano e todos os anos surgem cerca de mil novos casos de melanoma, doença responsável por mais de 75% por cento das mortes por cancro da pele», refere Bárbara Fernandes, diretora do Serviço de Dermatologia do IPO (Instituto Português de Oncologia) Coimbra. «O sol, não sendo o único fator, é um fator de risco indiscutível», nota a dermatologista.
“Todos os dias são de proteção solar” é, por isso, um dos lemas do Dia do Euromelanoma no IPO, dinamizado este ano com a colaboração dos cuidados de saúde primários, numa parceria com a Unidade de Saúde Familiar (USF) Pulsar, como explica a médica do IPO Maria Miguel Canelas. «Através da colega da USF, foi feita uma seleção dos utentes com hábitos de exposição solar crónica e intensa e com maior risco de queimadura solar», refere a dermatologista.
O rastreio cutâneo realizado no IPO consistiu na observação da totalidade da pele, recorrendo a meios auxiliares de diagnóstico como a dermoscopia e dermatoscopia digital computorizada. A todos os utentes foram entregues folhetos informativos sobre o auto-exame cutâneo e as medidas de proteção solar que não devem ser descuradas.
«Muitas vezes, as pessoas associam a exposição solar apenas à praia, mas o sol está em todo o lado», sublinha Bárbara Fernandes, apontando os riscos acrescidos que correm as pessoas que trabalham ou que fazem prática desportiva regular ao ar livre.
O protetor solar, com fator de proteção sempre acima de 30, «é importante, mas deve ser reaplicado com frequência e servir como complemento a outras medidas de fotoproteção», que são já bem conhecidas das pessoas, como o respeito pelos horários – entre as 11h00 e as 17h00 deve evitar-se sempre que possível a exposição direta -, o uso de vestuário que nos proteja, chapéu e óculos de sol. «O sol tem benefícios e malefícios, sol e pele devem saber conviver», resume a dermatologista.

O ABCDE, que
nos pode salvar a vida
 
O cancro da pele tem cura se for diagnosticado em fases iniciais. No que se refere ao diagnóstico precoce, a população tem igualmente um papel ativo a desempenhar, estando atento a lesões que possam surgir na pele ou a modificações em sinais, verrugas e sardas já existentes. Maria Miguel Canelas aconselha uma observação atenta da pele mensalmente: «A pessoa pode escolher um dia e repetir todos os meses essa observação, sem esquecer a palma das mãos, a planta dos pés, as costas (com ajuda de um espelho, por exemplo) e a zona da cabeça, incluindo o couro cabeludo».
Nessa avaliação, a regra do “ABCDE” é um clássico e ajuda a identificar mais facilmente sinais suspeitos de melanoma. A (assimetria), B (bordos irregulares), C (cor heterogénea), D (diâmetro superior a seis milímetros) e E (evolução ou alteração do aspeto ao longo do tempo) são sinais de alerta, que devem suscitar uma consulta médica.
No ano passado, o IPO tinha chamado para o mesmo tipo de ação de sensibilização e rastreio os trabalhadores de construção civil que estão a levar a cabo a obra do novo edifício hospitalar, também eles muito expostos ao sol durante o dia-a-dia. Bárbara Fernandes recorda que foram identificados «quatro ou cinco carcinomas basocelulares», o tipo de tumor de pele mais frequente no ser humano. «São tumores malignos, com agressividade local mas potencial metastático muito baixo», explica a diretora do Serviço de Dermatogia.

CCDR Funtos Europeus



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