Uma sala de aulas multicultural. São 20 alunos de seis nacionalidades a frequentar o 1.º ano do 1.º ciclo na EB 2,3 Poeta Manuel da Silva Gaio, em Coimbra. Basta ouvir a professora a chamar por cada um deles e a sonoridade é diferente. Nomes próprios (omitem-se propositadamente) do Brasil, mais ou menos familiares, outros totalmente diferentes, tal como os dos meninos do Nepal ou do Irão. Mas todos eles se entendem e a menina nepalesa já ensinou várias palavras à sua amiga do Brasil. E pelo meio, apenas uma menina portuguesa que revela já conhecer os vários nomes que um “afia-lápis” ganha numa sala de aula como esta. Os meninos brasileiros chamam-lhe “apontador”, enquanto os outros já adotaram a terminologia portuguesa que pode ser “afiador” ou “afiadeira”. E esta realidade repete-se ao longo do dia, com muitas outras palavras ou expressões. É a aprendizagem e a integração a acontecer naturalmente. E claro, a «orientação» está sempre em cima da mesa, mas a professora Paula Silva, com mais de 30 anos de experiência e com um espírito aberto, não tivesse ela também vivido um tempo de integração, já que, quando menina, veio da África do Sul para Portugal, explica que «deixamo-los falar livremente, questionar, pois são muito curiosos e sensíveis. Depois, procuramos adaptar a forma de ensinar às especificidades de cada um». Opinião corroborada pela professora Maria da Conceição Malhó, diretora do Agrupamento de Escolas Coimbra Centro, que insiste que «a escola é isso mesmo, aberta à diversidade, pelo que temos de estar atentos à singularidade de cada aluno».
(Pode ler esta reportagem no Diário da Turma, na edição impressa do Diário de Coimbra de hoje).