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Palitos de Lorvão levam Portugal ao Rio de Janeiro


Domingo, 28 de Abril de 2024

Portugal está representado na feira internacional de artesanato Rio Artes Manuais, que termina hoje no Rio de Janeiro, no Brasil, por artesãs que fazem palitos decorativos de Lorvão e peças a partir de bracejo.
«Fátima Lopes é a única mulher que dedica a vida a fazer palitos decorativos de Lorvão. Isabel Martins cria peças a partir do bracejo (fibra vegetal) recuperando uma técnica ancestral. São estas as duas artesãs, guardiãs de segredos com séculos de história, que vão representar Portugal no Rio Artes Manuais, a feira internacional de artesanato» que começou na quarta-fera e termina este domingo no Rio de Janeiro, Brasil.
As duas artesãs estão na feira no âmbito do Programa Nacional Saber Fazer. Inserido na estratégia nacional da Cultura para o período entre 2019 e 2024, este programa, aprovado em setembro de 2020 em Conselho de Ministros, assenta em quatro pilares: preservação, educação, capacitação e promoção.
Fátima Lopes, que começou a fazer os palitos de flor com cerca de 12 anos representa «a quarta geração da família a dedicar-se a trabalhar a madeira do salgueiro com a ajuda de uma navalha». Atualmente, aquela que é a única artesã, a tempo inteiro, de palitos de flor, conta com a ajuda do marido, «que corta os salgueiros e choupos que crescem nos seus terrenos à beira-rio». A produção destes palitos é atribuída ao Mosteiro de Lorvão, no concelho de Penacova, «onde as freiras começaram a esculpir pedaços de salgueiro em pequenas tiras, usadas para decorar os doces conventuais».
Já Isabel Martins cria peças a partir de bracejo, uma fibra vegetal que cresce espontaneamente na zona da serra da Malcata, na região da Beira Interior, onde a artesã vive. A fibra vegetal, «depois de apanhada e seca é trabalhada em espiral cosida, recuperando uma técnica ancestral utilizada em cestaria».
Em julho de 2019, a então ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciava a criação do programa para afirmar a produção artesanal tradicional como «um setor dinâmico, inovador e sustentável». Na mesma altura, Graça Fonseca anunciou que a sede do Saber Fazer seria implantada no Museu de Arte Popular, em Lisboa, e, em junho de 2020, foi criada a Associação Saber Fazer, para coordenar as medidas do programa e mediar as relações entre entidades e os agentes no terreno, apoiar a criação de um centro tecnológico do saber fazer, para pesquisa, desenvolvimento tecnológico e aprendizagem das técnicas artesanais.
A associação tem ainda por missão identificar as necessidades de educação e formação profissional nesta área, estimular o trabalho em rede, nomeadamente entre artesãos, mas também entre empresas e outros profissionais de diferentes áreas artísticas, bem como criar experiências turísticas e roteiros temáticos.
Os associados públicos fundadores da Associação Saber Fazer são o Estado, através do pelouro da Cultura, com o Turismo de Portugal, a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, podendo ainda ser admitidos como associados quaisquer outras pessoas coletivas com atividade relevante no âmbito da promoção das artes e ofícios.
Cada associado fundador concorre para o património social da associação com uma quota anual de 20 mil euros, sendo a quota anual do Estado, enquanto associado fundador, suportada pela DGArtes.
Entretanto, em dezembro de 2022, ficou disponível ‘online’ o Repositório Digital Saber Fazer, uma plataforma ‘online’ que reúne informação sobre as artes e ofícios tradicionais portugueses, um “trabalho em curso” no qual a população é convidada a participar.
O Repositório Digital Saber Fazer é o resultado do mapeamento e caracterização das artes tradicionais em Portugal, “um trabalho hercúleo de recolha de informação dispersa, junto de câmaras municipais, de centros de artesanato, de museus, de universidades” levada a cabo pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) nos últimos três meses, disse à Lusa o diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, em dezembro de 2022.|

CCDR Funtos Europeus



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