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Muito falta fazer para se cumprir o 25 de abril


Quarta, 17 de Abril de 2024

55 anos depois de Alberto Martins ter pedido a palavra na Universidade de Coimbra e quase (sim, porque faltam apenas oito dias) 50 anos após o 25 de abril de 1974 que “libertou” Portugal do jugo do Estado Novo, Celso Cruzeiro e Fernando Dacosta, que viveram estes dois “capítulos” da história contemporânea do país de maneiras diferentes, consideram que ainda muito há para e por fazer para se cumprirem as demandas e a utopia que desses dois momentos “nasceram”. Foi na Sala Fausto Rocha da Coimbra Business School | Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Politécnico de Coimbra que os dois debateram, em tertúlia moderada por António Vilhena, que teve como nome “Somos contemporâneos do Futuro”.
Na ótica de Celso Cruzeiro, que foi um dos estudantes mais influentes durante a Crise Académica de 1969 na Lusa-Atenas, «cumpriu-se parcialmente o 25 de abril». «O que se iniciou num levantamento militar, em que se percebeu que os militares queriam democratizar o país e acabar com a Guerra Colonial mas não sabiam bem como o fazer, teve depois a fundamental entrada e participação do povo. Essa é uma matriz identitária diferenciada da revolução e algo que permanece. As pessoas reclamam, protestam, demonstram estar em desacordo com o governo de forma quase constante. Este é um processo ainda em curso e, passado tanto tempo, continua a progredir exatamente da maneira como o povo quiser», fundamentou o antigo estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Para Fernando Dacosta, jornalista que conheceu Salazar no exercício da sua profissão, a revolução falhou «como falham todas as utopias». «O 25 de abril perdeu-se nos interesses, lobbies e outros dos partidos políticos que se estão realmente nas tintas para o povo. Não é nas contas que se vê o bem estar de uma população nem deve ser. Tínhamos o Marcelo Caetano e agora temos o Marcelo Rebelo de Sousa. Fala-se da censura... esta não acabou, foi, isso sim, privatizada. Os jornais que resistiram foram fechados e sabotados e substituiu-se o jornalismo por aquilo que se chama comunicação social. A escolha da via económica por parte dos governos é uma vergonha para a democracia. Depois, sinto o povo apático. Os estudantes, por exemplo, têm medo de participar nas grandes discussões», analisou o romancista, dramaturgo e conferencista.

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