Tradição e conhecimento “aliados” na “despesca”

Pelo segundo ano consecutivo, a salina da Câmara Municipal “Corredor da Cobra” foi palco de uma tradição ancestral e que a responsável pelo espaço, pretende que não se perca e que seja partilhada com toda a comunidade: a “despesca”. Sónia Pinto recordou ao nosso Jornal que já havia uma actividade de Verão, a safra (apanha do sal) e pretendia ter uma de Inverno. Foi então que, o ano passado, em diálogo com os marnotos, percebeu que faziam a despesca. «Falei com alguns deles e perguntei se era complicado. Eles explicaram no que consistia e prontificaram-se a ajudar», adianta, sublinhando que a actividade «tem várias fases, a de esgotar a água, a apanha do peixe (enguias, robalos, linguados, camarita, entre outros) e o próprio leilão que é onde fazem dinheiro nesta altura, pois a salina está em poisio e a venda é uma ajuda ao sustento de Inverno». A actividade decorreu no passado sábado (mais cedo que a primeira que teve lugar em Janeiro, mas foi a última da zona a fazer-se). «Como este ano, todos os marnotos estavam a fazer em Novembro, não quisemos que passasse para o próximo ano. Foi só esperar pelas melhores condições de lua e de marés e avançar», disse. Outro motivo que levou à realização do evento este mês, teve a ver com o dossier que está a ser preparado «com toda a actividade do salgado, que pretendemos que fique concluído até ao final do ano e faltava-nos esta».